É uma pena que as nossas novidades sejam sempre tão velhas, sejam sempre tão sem importância... E nossos medos?! É uma desgraça que sejam sempre os mesmos, que sejam sempre os mesmos velhos medos que não nos deixavam dormir. É triste saber que nossa liberdade é bem menos verdadeira que o tempo que nos consome, e que nossos amores - só eles são sempre novos - são tão menos que nossas frustrações.
É revoltante saber que mais nada nos agita, que nada mais nos comove, que dor nenhuma nos faz levantar do colchão de pregos sobre o qual nos acomodamos. É ridícula a nossa postura: somos uma geração de mulheres-macho criados por homens-fêmea, num mundo de pan-sexualidades que desenvolvemos pra posteriormente evitar.
Fugimos dos monstros que criamos! Dormimos de luz acesa e fazemos sexo de luz apagada... E somos nossos próprios heróis. É humilhante perceber que não entramos pra história, não fazemos filhos, não plantamos árvores, não escrevemos livros, não inventamos novas drogas, mas nos satisfazemos com nós mesmos, com a nossa própria mediocridade (por julgá-la inevitável).
E caímos num círculo vicioso de desespero e desânimo, desânimo e desespero, onde, confusos, nos resignamos a só sobreviver, até que a vida termine: respiro por obrigação, porque me convenceram que o direito à vida é indisponível e que os novos heróis nem precisam lutar, mas têm é que viver. Então, eis a nova sentença, a nossa neosecular condenação à morte: sobreviver.