quarta-feira, 16 de junho de 2010

Mundial...

Ninguém ficou satisfeito com a estréia do Brasil no Mundial. Acho engraçado que a gente reclama bastante do nosso país, e é justamente porque é só isso que a gente faz que ele é do jeito que é. O país, no fim das contas, somos nós, não é?
Daí tudo pára por uma partida de futebol num evento multimilionário acontecendo num país onde 43% da população vive abaixo da linha da pobreza. De repente, as vuvuzelas abafam o ruído distante de Brasília se preparando pra receber um novo presidente, do Oriente Médio e das Coréias à beira da guerra, do fator previdenciário, da tentetiva de intervenção diplomática do Brasil no programa nuclear do Irã, da hidrelétrica em Belo Monte e de qualquer outra coisa que devia reter nossa atenção.
E a anestesia do futebol dura talvez mais do que facilmente se perceba. Fracamente educados que somos, temos a memória treinada pra ser curta e assim evitar que a chateação se prolongue, o que tem o óbvio efeito de nos fazer deixar sempre tudo exatamente como estava antes. A gente reclama do técnico, do juiz, do atacante, do goleiro, e esquece do país.
Mas é sempre assim. Sempre foi. E agora dá pra ver que não é só aqui: a festa do Mundial na África do Sul também os anestesia por lá. De certa forma, é um alívio saber que é mundial.