segunda-feira, 22 de setembro de 2008

1001 Razões pra amar esta Cidade

É segunda-feira. E eu odeio segundas-feiras. Meu final de semana ficou bem longe de ter sido um dos melhores e eu acordei com uma vontade quase irresistível de não acordar. A despeito de tudo, eu preciso me levantar: nessa urbanidade pós-moderna, tudo é urgente.

Procuro em todos os campos de um eu recém-acordado um mínimo de disposição, e nada. Um senso de dever, muito mais que a força da minha vontade, é o que me impele a começar o dia.

Com movimentos semi-automáticos numa câmera lenta desajeitada, consigo cumprir meu ritual matinal e me preparar, precariamente, ainda, pra sair de casa. Respiro fundo, ponho meus óculos de sol, os fones do iPod no ouvido, e saio.

Apesar da indisposição, vou fazendo o caminho de casa até o trabalho sem incidentes de maior relevância. Vou pensando no trânsito, em chegar na hora, em arrumar minha mesa no trabalho, em almoçar num restaurante diferente, no trabalho da faculdade que eu ainda não fiz e... quase súbito, tudo pára.

Por mais vezes que eu tenha passado por este mesmo lugar, por mais vezes que eu já tenha visto este exato mesmo cenário, o amanhecer no Aterro sempre me deslumbra. Despretensioso, curvilíneo, inignorável, carioca, o Pão de Açúcar magnanimamente aceita ser por mais um dia, estar por mais um dia.

E me inspira.

De repente, a segunda-feira já não parece tão ruim assim.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Coincidência

E, de repente, não mais que de repente, reaparece a Quarta Frota da Marinha Norte-Americana (desativada desde o final da Segunda Guerra), navegando toda pimpona e faceira pela América Latina.

É claro que o Ministro da Defesa disse que nós não precisamos nos preocupar, porque isso não tem nada a ver com o fato de terem sido descobertos novos poços de petróleo aqui na nossa costa no primeiro semestre desse ano, justamente na mesma época em que os EUA anunciam estoques do ouro negro abaixo do esperado... Mas isso é óbvio. Desde quando os EUA se interessam pelo petróleo alheio?

Todos nós sabemos que as guerras recentemente travadas/incentivadas pelo governo norte-americano no Oriente Médio foram motivadas, exclusivamente, pelo super-altruístico desejo insaciável de ver a Liberdade e a Democracia, sinceros valores da maior potência bélica do planeta, serem estabelecidas e respeitadas no mundo todo (exceto na China, é claro. Quem vai se meter com a China?).

Nós estamos calmos e assim vamos continuar. Porque nós não temos nenhum motivo pra achar que eles vão inventar alguma desculpa ("armas químicas" já nem cola mais), como inventaram no caso do Iraque, para fazer conosco o que fizeram no Iraque.

Foi só coincidência. Eu não acredito que os EUA possam querer arrumar briga com o Brasil.

Mas, só pra garantir, acho que vou me mudar pra Patagônia.

sábado, 2 de agosto de 2008

US$ 15 milhões!

Nada mau por um punhado de fotos dos seus filhos recém-nascidos, né?

É claro que os filhos da Angelina Jolie e do Brad Pitt têm a mesma cara de joelho que todos os outros milhares de bebês que nasceram exatamente ao mesmo tempo... Mas e daí? Todos nós vamos ver com o maior interesse as fotos pelas quais a People pagou essa fortuna ligeiramente indecente...

Só pra ter uma base de comparação: essa modesta quantia foi o tanto que o Governo do Estado do Rio de Janeiro investiu no programa de Inovação para Pequenas e Médias Empresas no ano passado.

Tá bom pra vocês?

quarta-feira, 23 de julho de 2008

E eu com isso???

Olha que informação relevante a revista norte-americana National Enquirer está nos trazendo esse mês:



A mãe da Britney, Lynn Spears, atropelou um garotinho há 23 anos atrás.

É o tipo de coisa que me faz pensar... "CAGUEI BALDES!!!"

"Os bons morrem jovens..."

<<joker.jpg>>

Renato Russo tinha razão...

E eu, fã do Heath Ledger que sou, fiquei sinceramente consternado depois de ver "Batman - The Dark Knight". O Coringa não morre no final do filme, em nenhum sentido. É uma personagem de uma profundidade magistral, atemporal, imortal. Brilhante. Simplesmente brilhante.

E a continuação? Sou só eu ou todo mundo vai ficar inevitavelmente decepcionado quando os produtores do próximo filme do Batman substituírem o ator?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

O que você nasceu pra ser?

Olha pra ela:




A Gisele não tem aquela cor de quem acabou de sair de seis meses de cativeiro da maioria das modelos, não é anêmica/anoréxica/bulímica como a maioria das modelos, não tem aparência de moribunda como a maioria das modelos... E, do topo dos seus $35 milhões/ano, é simplesmente a modelo mais bem paga do mundo.

Não posso evitar de pensar: por mais bonita, elegante, talentosa e bem-relacionada que qualquer outra seja, nenhuma se compara a ela. E isso é simplesmente porque ela é o que ela nasceu pra ser. Talvez seja um exagero de fatalismo da minha parte, mas o fato é que eu estou cada vez mais convencido que quanto mais a gente se esforça pra ser alguma coisa que não é, menos a gente se concentra em aprimorar o que nós somos.

O que você nasceu pra ser?

E eu ainda estou tentando me convencer de que consigo ser sincero ao responder a essa pergunta...

domingo, 6 de julho de 2008

"Black Cool"

A revista "Ebony" - aquela norte-americana voltada pro público negro que mostrou o Michael Jackson (branco) na capa da edição de dezembro do ano passado - classificou o presidenciável Barack Obama entre os "25 'irmãos' mais cool de todos os tempos", na edição que vai sair em agosto.


Vou deixar pra comentar depois o problema de que o fato de ser cool provavelmente vai ser o principal fator a levar Obama à presidência - problema que já nos trouxe o Collor, por exemplo.
O que vale MESMO a pena comentar é o visual MIB meets Matrix. Achei mesmo cool. Com Obama vestindo as roupas do agente J e usando os óculos do Neo, vai até dar pra acreditar naqueles filmes em que o presidente dos Estados Unidos salva heroicamente a humanidade toda de alguma catástrofe mundial...
Porque ser moderno também é saber cuidar da própria aparência... sem acabar parecendo um estereótipo de filme Hollywood.

sábado, 5 de julho de 2008

"Eu acredito que o Rio vai mudar pra melhor"

É, eu acredito.

Mas ainda não consigo acreditar que isso possa ser a curto prazo.

A cada dia eu estou mais convencido de que a esmagadora maioria da população não tem a mais vaga idéia do que seja a Democracia representativa pela qual tanto se lutou aqui no Brasil na década de 80.

Hoje de manhã, mais de trezentas pessoas se reuniram numa passeata de protesto pela trágica morte daquele rapaz na porta de uma boite em Ipanema. E, ouvindo os argumentos do protesto, eu não pude evitar de lembrar que fomos nós (sim, "NÓS" porque, a despeito das gritantes desigualdades, ainda somos um povo só) que autorizamos o porte de arma por voto popular, há menos de três anos.

Essa tragédia, na via contrária das crescentes estatísticas da violência urbana na nossa cidade, não foi resultado da ação de delinqüentes. Algum "dedo nervoso" perdeu o controle durante uma briga e, com a arma que NÓS o autorizamos a carregar, acabou com a vida de um inocente.

E o país fica chocado! Mas chocado com o quê? Pra que mais serve uma arma, senão pra matar? Essa é a conseqüência óbvia de uma escolha que nós fizemos ou, numa abordagem mais auto-condescendente, deixamos de impedir que fizessem.

Outro dia, num ponto de ônibus em Copa, eu ouvi uma conversa na qual alguém dizia "essa história de Direitos Humanos foi a pior coisa que aconteceu no Brasil...", se referindo a dois meninos de rua que tinham acabado de ser expulsos aos gritos de um supermercado. E o interlocutor concordava...

E então, que tal votarmos a disponibilidade dos Direitos Humanos dos marginais? Parece absurdo??? Pois pra eles não parecia... E, de qualquer forma, nós abrimos mão do direito à vida do jovem Daniel Duque (o rapaz que morreu na porta da boate em Ipanema) num referendo há três anos atrás. Por que não continuar abrindo mão de outras vidas?

Ainda falta MUITO pra que a gente consiga entender o tamanho da responsabilidade que a Democracia nos traz. E só quando essa consciência chegar, só quando nós entendermos que isso depende MESMO, diretamente, de todos e cada um, o nosso Rio vai mudar pra melhor.



Ser moderno também é votar direito, galera!!!

Primeiro

Postando e ouvindo "E=MC²". Logo no primeiro post... Porque nada é por acaso.

Emancipação realmente tem tudo a ver com potencialização.


Achei que ultimamente nossa consciência tem passado tempo demais cativada pelo excesso de informação pra se preocupar com (ou mesmo se interessar por) qualquer coisa realmente relevante. E decidi me emancipar. Modernizar.

De agora em diante, só vou saber o que eu QUISER saber. E só vou dizer o que for agradável de ouvir.

Porque isso é modernidade.