sábado, 5 de julho de 2008

"Eu acredito que o Rio vai mudar pra melhor"

É, eu acredito.

Mas ainda não consigo acreditar que isso possa ser a curto prazo.

A cada dia eu estou mais convencido de que a esmagadora maioria da população não tem a mais vaga idéia do que seja a Democracia representativa pela qual tanto se lutou aqui no Brasil na década de 80.

Hoje de manhã, mais de trezentas pessoas se reuniram numa passeata de protesto pela trágica morte daquele rapaz na porta de uma boite em Ipanema. E, ouvindo os argumentos do protesto, eu não pude evitar de lembrar que fomos nós (sim, "NÓS" porque, a despeito das gritantes desigualdades, ainda somos um povo só) que autorizamos o porte de arma por voto popular, há menos de três anos.

Essa tragédia, na via contrária das crescentes estatísticas da violência urbana na nossa cidade, não foi resultado da ação de delinqüentes. Algum "dedo nervoso" perdeu o controle durante uma briga e, com a arma que NÓS o autorizamos a carregar, acabou com a vida de um inocente.

E o país fica chocado! Mas chocado com o quê? Pra que mais serve uma arma, senão pra matar? Essa é a conseqüência óbvia de uma escolha que nós fizemos ou, numa abordagem mais auto-condescendente, deixamos de impedir que fizessem.

Outro dia, num ponto de ônibus em Copa, eu ouvi uma conversa na qual alguém dizia "essa história de Direitos Humanos foi a pior coisa que aconteceu no Brasil...", se referindo a dois meninos de rua que tinham acabado de ser expulsos aos gritos de um supermercado. E o interlocutor concordava...

E então, que tal votarmos a disponibilidade dos Direitos Humanos dos marginais? Parece absurdo??? Pois pra eles não parecia... E, de qualquer forma, nós abrimos mão do direito à vida do jovem Daniel Duque (o rapaz que morreu na porta da boate em Ipanema) num referendo há três anos atrás. Por que não continuar abrindo mão de outras vidas?

Ainda falta MUITO pra que a gente consiga entender o tamanho da responsabilidade que a Democracia nos traz. E só quando essa consciência chegar, só quando nós entendermos que isso depende MESMO, diretamente, de todos e cada um, o nosso Rio vai mudar pra melhor.



Ser moderno também é votar direito, galera!!!

2 comentários:

Unknown disse...

Não só o nosso Rio , mas o nosso país precisa mudar para melhor , com um esforço , ainda que pequeno de cada um de nós , conseguiremos sim , mudar o rumo do nosso estado

Federico disse...

Ter o direito legal de possuir uma arma não faz com que ninguém atire em ninguém. Existe toda uma incorreta forma de pensar que faz com que alguém queira possuir uma arma, por acreditar que isso traz alguma segurança. E isso é reflexo de uma sociedade na qual os próprios indivíduos responsáveis pela segurança da população vivem enfiados em casos e mais casos de corrupção. Resta ao cidadão, por si só, a vontade de ter alguma coisa que o faço se sentir seguro, num lugar onde não se pode confiar nem na polícia. Alguns constroem muros, instalam sistemas de segurança e contratam guarda-costas pessoais. Outros compram armas. Uma arma só serve para matar, mas quem mata é o homem, não a arma sozinha. Não é uma lei proibindo o cidadão de possuir uma arma que evitaria a morte do jovem Daniel Duque e de muitos outros e sim uma mudança geral de consciência da nossa sociedade. E para isso, só mesmo educando e reeducando as pessoas, não só do nosso Rio de Janeiro, mas de todo o país. Eu votaria pela proibição do porte de armas, simplesmente por acreditar que não existem razões para que um cidadão possua uma arma, mas não tenho muita fé de que isso faria muita diferença. Talvez menos pessoas morressem realmente, mas o desejo de possuir uma arma é só mais uma das conseqüências da violência que realimenta o todo esse ciclo sangrento. A real raiz do problema, está, como sempre, na mentalidade da nossa sociedade.